Pâmela Rosa

 

Hoje temos conosco Pâmela Rosa, atual líder do ranking mundial do street league skateboarding. Se liga no papo que rolou: 


E ai Pâm, aquela clássica pergunta: como tudo começou?

Comecei a andar de skate com o colega da minha irmã. Ele foi pra casa fazer um trabalho de escola e levou o skate, foi a primeira vez que vi e já me apaixonei. Fiquei encantada, mas ele não me deixava andar. Mesmo assim fui lá e peguei o skate, e logo já comecei a andar em frente de casa mesmo. Algum tempo depois  abriu um poliesportivo perto de casa, e eles falaram pra me levar. Minha mãe me levou, mas eu não tinha skate, não tinha nada. Ficava lá na beira da pista chorando, querendo um skate pra andar.


Esperando que alguém tivesse a bondade de emprestar o skate pra você andar um pouquinho haha

Sim haha. Ninguém emprestava, né? Porque quando a gente tá andando, não quer emprestar. Minha mãe não gostava de ver aquilo, e deixou de pagar a conta de luz e água pra comprar um skate pra mim, e tô aí até hoje!

Com quantos anos isso tudo aconteceu?

Ah, eu tinha uns 8/9 anos.

Nossa! Você começou bem nova.

Sim, comecei bem novinha! 


É muito bacana ver que você teve esse apoio vindo da sua mãe, esse incentivo.

Você começou bem nova no skate. Tinha alguma manobra que você almejava aprender ou não? Foi tudo no flow, na calma?

Não, nunca tive isso, eu só queria andar e evoluir com o tempo! Nunca parei pra pensar, só ia praticando e sabia que com o tempo ia rolar!

Sempre que alguém começa a andar, e quer viver disso, rola aquele desejo de fazer parte de alguma família, conseguir um patrocínio, ter alguém ajudando e apoiando. E agora em 2021 você entrou pra nossa família, e já entrou ganhando um pro model, rolou até um filtro enquanto você participava das olimpíadas… Como que rolou tudo isso, e como que você escolheu a Posso! ?

  Sempre falo que tive muitas oportunidades de entrar para outras famílias, já até fiz parte de algumas, e desde que comecei a andar de skate sempre acompanhei muito a Posso!, pois a maioria dos atletas que andavam comigo ali em São José dos Campos e até mesmo nas competições, faziam parte ou conheciam. Então sempre acompanhei, só que eu era bem pequena e só queria saber de andar...E com o tempo fui acompanhando cada vez mais.
  Conversando com meu empresário, tivemos a oportunidade de entrar para outras marcas, mas ele falou: Vamos tentar, vamos ver o que o Felipe acha da ideia. Falei que tudo bem, por mim fechou. Nós conversamos com ele (Felipe) e deu tudo muito certo, ele ficou super empolgado, e deu certo entrar e já lançar meu pro model.
Queria muito ter feito uma video part, pra anunciar a entrada tudo certinho, porém estava na correria por conta das competições, mas fiquei feliz de pelo menos conseguir fazer umas trick's ali pra lançar. 
 
E você já estreou muito bem, né? É muito satisfatório para um skatista ter seu próprio model.
Você também foi a primeira mina a fazer parte desse time, e agora a Kemily Suiara faz parte desse time com você! Trocando ideia com a Kemily, ela diz se sentir muito honrada em fazer parte disso contigo. E aí, como é que você se sente?

A Kemily eu acompanho faz tempo, uma mina muito gente boa. A gente se conheceu mesmo no "Desafio de Rua" da cemporcentoSKATE. E pra mim é gratificante fazer parte de tudo isso, to muito feliz.

Você já ganhou 6 medalhas no X Games, é atual TRiCampeã  da Dew Tour, Campeã do STU OPEN 2019, Campeã mundial do world skate 2019, atual líder do ranking mundial do street league skateboarding… Você carrega tantos prêmios que é até difícil de listar haha. Também começou muito nova, e veio de uma cidade do interior onde sabemos que as coisas acontecem de uma maneira diferente, e as pessoas enxergam tudo isso de uma maneira diferente, e mesmo assim você conquistou muitos prêmios e seu espaço na cena.
Como você enxergava o skate quando começou e como você enxerga hoje, depois de conquistar tantas coisas e tanto espaço?

Muita coisa mudou, né? Não só em questão de visibilidade e investimento, mas por exemplo, na época em que comecei a andar não tinham muitas meninas na pista, e hoje em dia quando você vai já tem 4/5/6 meninas andando de skate, isso é muito gratificante pra gente! Quando começamos a andar de skate, observamos as coisas, a gente não vai só andar na pista, a gente percebe tudo, e tudo isso mudou muito. Hoje a gente chega na pista e tem várias meninas, os meninos a cada dia que passa vem incentivando mais ainda… E também mudou a parte de investimento e visibilidade pro skate, claro. Com o tempo marcas querendo investir, mais competições surgindo, e também mais oportunidades pra galera do skate. 

 

 

Você sente que vindo de São José dos Campos, uma cidade do interior, o seu skate reverberou na cidade de alguma maneira? Tipo, as pessoas perceberam que realmente o investimento em esporte pode mudar vidas. Você sente que essa visibilidade que você conquistou com o skate mudou algo ali da onde você veio?

Mudou, claro! Principalmente ali da onde vim. Mudou bastante depois dos jogos olímpicos, sabe? Hoje em dia as pessoas têm muito mais respeito.

Sim! Infelizmente o skate é muito mau visto por algumas pessoas, e não faz o menor sentido. Um shape, truck e rodas não faz mal a ninguém.
E durante toda sua trajetória no skate, hoje você está com 22 anos, acredito que muitas coisas devem ter acontecido, você com certeza vivenciou muitas experiências, e deu de cara na parede muitas vezes. Nesses momentos qual foi sua motivação para não parar?
  

Acho que meus pais. Acho não, tenho certeza! Meus pais sempre foram meus maiores incentivadores. E eu também sou uma pessoa que quando começa a fazer algo não desisto, quero ganhar. Isso tanto no skate quanto na vida. O skate sempre foi uma paixão, então levei isso pra mim e não desisti, mesmo com todas as barreiras.  

O skate é capaz de proporcionar muitas coisas, e realizar muitos sonhos. Teve algum sonho que você realizou graças ao skate?

Muitos! Viagens que eu nunca imaginei, poder dar uma estrutura melhor pra minha família... a gente morava numa casa que eram apenas três cômodos e hoje em dia já moramos em uma casa melhor, e poder ter as minhas coisas também, por exemplo: quando eu era criança, até ali meus 15 anos eu não tive quase nada, as principais coisas sempre tive, meus pais sempre correram atrás disso, porém hoje em dia eu tenho muito mais coisas graças ao skate.


O skate realmente mudou sua vida então?

Sim, sim haha.

Você acabou de falar de viagens, e realmente, skatista viaja muito! Conhece muitos lugares, andam por muitos picos… Teve algum lugar você passou e ficou pensando "cara, não acredito que to andando nesse lugar", teve algum muito marcante ou não?

Hum… Todos são muito marcantes! Não tenho um favorito. Todos são especiais e foi muito legal poder passar por tantos lugares. Todos tento aproveitar ao máximo e todos foram especiais da mesma maneira! 


Agora pra finalizar: Sempre que o skatista sai pra andar carrega consigo seu fone de ouvido. O que você curte escutar quando sai pra alguma sessão, qual sua lineup? 

Eu costumo sempre escutar os rap's antigos. E eu também faço parte de escolas de samba e pagode, então gosto muito de escutar tudo isso quando saio pra andar.

Um "menos é mais mais" no foninho, rola? Haha, eu adoro!

Rola haha!
E tem outros grupos que também gosto de escutar. Rap gosto mais dos antigos, trap também… Escuto de tudo um pouco! 


Qual cantor/grupo de rap, samba, pagode antigo que você mais curte?

Mais antigo assim, que eu curto mesmo é Racionais e Kamau. 
Hoje em dia o Kamau é um super amigo meu, sabe? De pagode eu sou muito amiga do 'Turma do Pagode', então acompanho muito eles, e escola de samba são as escolas com quem desfilo.


Você desfila? Que tudo, achei chique! 

Sim, desfilo haha.

Nossa, deve ser muito louco, né? Pô, era fã do 'Turma do Pagode' e hoje é amiga deles, era fã do Kamau e se tornou amiga também… Coisas que o skate proporciona haha.

Sim, haha!

 


E assim finaliza o bate papo com Pâmela Rosa.
E aí, curtiu? Se ficou com vontade de escutar a playlist da Pâmela é só acessar nosso spotify e curtir o som que ela separou pra gente!




 

 

matéria por: @lariscamai


01 de outubro de 2021 — G5 Corp

Comentários

Sílvia

Sílvia:

Amei a entrevista com a Pamela Rosa. Guerreira que admiro muito pela trajetória. Vai voar muito ainda.

Deixe um comentário

Os comentários devem ser aprovados antes de serem publicados